quarta-feira, 23 de maio de 2012

Sobre o IV Abril True Metal


Sempre fazemos tudo na maior boa vontade, organizando eventos com o intuito de trazer como atração bandas de fora do estado e bandas locais. As bandas que estão se apresentando tem sempre que estarem preparadas para possíveis criticas do público, já que se dispôs a se expor assim para um público tão exigente. Mas antes de criticar, todos devem lembrar que cada banda dessa dedica muito de seu tempo nos ensaios e investem muito dinheiro comprando bons equipamentos e e até com aluguel de estúdio. Bateristas precisam comprar pedal, peles, baquetas, pratos que sempre são caros. Guitarristas e baixistas gastam também com as cordas de seus instrumentos e cubos. Mas as criticas são inevitáveis, e nem todos aceitam bem as criticas que podem ser construtivas ou depreciativas, ainda mais quando se leva em consideração tanto esforço e empenho para executar uma boa apresentação.
Agora pensem na posição de quem se prontifica a organizar um evento para estas bandas terem a oportunidade de mostrar seu trabalho, tendo também que estar preparado para ouvir reclamações tanto do publico quanto das bandas. Tentem imaginar o que está pelas bastidores do show, onde você chega, paga de 10 a 30 reais pra entrar e tomar uma cerveja ao som das bandas que tanto se prepararam para seu ouvido, para te agradar.
Antes de qualquer coisa, é necessário estudar todas as bandas possíveis e acessíveis que possam vir de fora do estado, que dê para agradar o maior numero de pessoas. Escolhendo esta banda, já estamos prontos para ouvir a reclamação de quem não gosta do estilo de som escolhido.
A maior parte dessas bandas não cobram cachê, porém, passagem, estadia e alimentação precisam ser pagos pela produtora.
Uma banda com cinco pessoas, se fosse pra tocar aqui em Rio Branco daqui 3 meses gastaríamos o total de R$ 6.779,50* em passagens. Para estadia mais R$ 1.050,00**, sem esquecer da alimentação, que sairia em mais R$ 285,00***.
Feita esta etapa, é necessário que se encontre um local para realização do show. Por aqui não temos muitos locais disponíveis, podendo considerar o Juventus (R$ 4.000,00), AFELETRO (R$ 1.200,00) e Quadrilhódromo do Tucumã (R$ 200,00). Mas não basta escolher e pagar o local, é necessário que se busque junto ao FUREPOL uma autorização para que que o show não seja interrompido pela policia e os organizadores não sejam multados**** ou levados para a delegacia. Para tirar esta autorização é necessário a liberação por parte do Corpo de Bombeiros, um contrato através de uma empresa credenciada com a quantidade de seguranças estabelecida pelo Estado para o local do evento (no caso do Quadrilhodromo, por ser menor são seis seguranças), uma autorização da Policia Civil e Policia Militar, que inclusive, tem que visitar o local previamente. Depois de toda esta parte burocrática, é necessário que se pague a taxa de R$ 71,40 para estar com o Alvará na mão.
Não podemos esquecer de outro gasto, o pagamento dos seguranças. Cada um custa R$ 80,00, se forem seis (que é o minimo) totalizamos R$ 480,00.
Um bom som e iluminação aqui em Rio Branco sai de R$ 2.000,00 a 3.500,00. A bateria também é alugada em algumas vezes, variando de R$ 100,00 a 150,00.
Definidas também as bandas locais que irão tocar, fazemos uma estimativa com o tempo de apresentação que geralmente fica em 30 minutos cada uma e uma hora ou mais para atração de fora.
Com bandas confirmadas, data, local e horário de inicio chega a vez de mais uma despesa, a parte gráfica. Em média para a confecção gastamos: ingressos R$ 100,00, panfletos R$ 230,00 e cartazes mais R$ 230,00 (podendo variar pra mais, é claro!).
Para o registro do evento, compramos fitas a R$ 15,00 para a filmagem das apresentações, onde gastamos em torno mais R$ 135,00.
Como podem ver, é muito dinheiro pra fazer um evento como este IV Abril True Metal.
Mas não podemos esquecer de algumas pessoas... Da quelas que se dispõem a conseguir abrigo para quem vem de fora (bandas e amigos de Porto Velho), que empresta uma bateria de qualidade, ajuda na venda de ingressos antecipados e ainda faz questão de pagar entrada, se disponibilizam a criar a arte do cartaz, a arte de uma camisa como já vem acontecendo tradicionalmente no Feliz Metal, aqueles loucos que dizem “bicho, pega aí 50 reais pra ajudar no evento” e depois ainda querem pagar ingresso, a pessoa que fica na bilheteria sem poder assistir ao show, as pessoas que cuidam do bar, que vendem comida, que ajudam com as filmagens e fotografias para eternizar o evento, colaboram com a divulgação em locais públicos, na internet ou escrevendo matérias para jornais impressos.... enfim, são muitos os envolvidos voluntariamente que saem satisfeitos em poder ajudar.
E vocês pensam o que? Que os produtores não são voluntários também?
Pois são! E além de ter todo esse trabalho durante meses, ainda tem o detalhe do processo de escolha de bandas. Aí entram muitos outros descontentamentos, pois ainda enfrentamos outros probleminhas, como o das bandas que infelizmente não puderam tocar no evento. Ainda tem as bandas que foram chamadas, mas mesmo assim reclamam que não querem ser a primeira a tocar. Mas alguém tem que iniciar o show! Tem os que reclamam do horário, reclamam do som, da bateria, do palco... sempre tem algo do que falar mal, e jamais reconhecem os acertos. Até hoje “só” escutamos elogios que vieram do publico pagante, que é quem sustenta toda essa estrutura, o que é realmente muito gratificante. Fora as pessoas que tem banda e só frequentam os shows que vai tocar, por que se não for participar nem aparece no evento. E tem gente pior... chega só na hora de tocar coloca mais gente de graça pra dentro e depois de terminar a apresentação vai embora.
Não podemos esquecer também das pessoas que reclamem do valor do ingresso, que sempre gira entorno de R$ 20,00 a R$ 30,00, ainda podendo pagar meia entrada. Das centenas de amigos que pedem cortesias. Daqueles que discriminam os que eles chamam de posers mas jamais querem pagar a entrada, e na verdade, quem acaba bancando o evento são os que o 'Super Headbenger True' chama de poser, pois são os pagantes que fazem tudo isso funcionar. Se VOCÊ não quer pagar ingresso, como que faremos um próximo evento? Ainda estaremos endividados daquele show onde devíamos 11 mil reais e você só precisava dar 20.
Já ouvi o argumento: “Tu vai me por pra dentro, né? Eu não vou pagar ingresso mas vou comprar o CD da banda de fora, assim estou ajudando o evento.” Bom, é plausível que seja valorizado e reconhecido o trabalho de uma banda dessa forma. Mas se não tem como pagar as passagens da banda, como fazemos pra trazer ela pra cá? Tendo prejuízo, como faremos o próximo evento?
Contamos sempre também com a presença das pessoas que tentam pular o muro. Já recebemos relatos de seguranças corruptos que ficam com algum dinheiro e deixam as pessoas passarem sem ingressos, além do problema da entrada de bebida quente. Já ganhamos pouco com a venda da cerveja, onde mais da metade do dinheiro fica com a consignação.
Uma outra coisa chata que acontece também é que infelizmente a Delegacia Especializada de Proteção à Criança e ao Adolescente, proíbe os menores de 16 anos a comparecer ao evento. Adivinha quem vai ser punido caso uma pessoa menor de 16 anos entre? Eles mesmos, os produtores!
Para tantos gastos com passagens, translado, hotel, alimentação, taxas dos processos burocráticos, segurança, parte gráfica e etc., conseguimos a poucos anos em dezembro para o Feliz Metal, projeto aprovado por Lei de Incetivo a Cultura. Porém, o máximo que pode-se conseguir é R$ 12 mil, e mesmo assim, jamais conseguimos atingir esta quantia, chegando a estar em pouco mais de 10 mil. Nesta época de férias de final de ano, as passagens são bem mais caras, ficando praticamente todo o dinheiro só com as passagens. Já para o mês de abril não temos este recurso disponível, e desta forma se torna insustentável o Abril True Metal, onde sempre amargamos prejuízos.
Já tocaram, colaboraram e ajudaram a construir esta história as bandas acrianas Survive, Silver Cry, Suicide Spree, Fire Angel, Raw Ride, Discórdia, Hylidae, Kingdom Of Steel e Born Hell. Vindos de Porto Velho – RO contamos com Bedroyt, Sortilégio e Incinerador. Que fique em nossas lembranças shows memoráveis com Mortaes (Brasília – DF), Blaze Bayley (Inglaterra), Violator (Brasília – DF) e Comando Nuclear (São Paulo – SP).
Agradecemos de coração a todo os que nos ajudam. Não falaremos de apoio de forma direta ou indireta, pois TODOS que participam nas correrias e pagam ingressos estão diretamente contribuindo e fazendo tudo acontecer. Só quem não ajuda e muito pelo contrário, atrapalha, são os parasitas que choram cortesias e pulam o muro.
Fica garantido o IX Feliz Metal deste ano, mas desculpem, definitivamente estamos parando com o Abril True Metal e a décima edição do Feliz Metal fica comprometida.
Não cogitamos e não passaremos o evento para outra produtora. Fica o fim deste evento como forma de alerta e motivo para reflexão de todos, para que ajudem de verdade todas as pessoas que se prontificam a organizar um evento.



Dream.Cry Produções




Vale lembrar que o mínimo que podemos fazer para as bandas locais que não cobram nada para tocar, é dar uma merecida cortesia como forma de pagamento para que sua/seu companheiro/a possam assistir ao show.
*Tendo como base o VIII Feliz Metal
**Sem a taxa de embarque.
Passagens de ida a R$ 648,90 e volta custando R$ 707,00
Simulação feito na Gol no dia 05/04/12
*** Valor de 70,00 a diária, baseado no orçamento do VIII Feliz Metal. A banda sairia de São Paulo dia 1 de junho, sexta-feira, tocaria no sábado e iria embora no dia seguinte, totalizando 3 diárias para cada integrante.
**** Calculemos dois almoços e uma janta para cada integrante, colocando a R$ 19,00 cada refeição já incluindo um refrigerante.
**** A multa pode chegar até 20 salários mínimos (R$ 12.440,00)

Um comentário:

  1. Lamentável... mas tem horas que tem-se que explicitar a real, a qual muito(as) são alheios e/ou ignoram-a...
    A questão e desafio posto é como conscientizar toda essa galera alienada a se envolver mais, pois espaços como esses são carentes pra cara...por essas margens.
    Estive na discussão da proposta da criação de uma grande associação independente de heavy metal do acre intitulada ARMA, com aspirações de uma certa autonomia, mas esse ar autogestionário parece dar urticária as pessoas, e os sentimentos de “eus-deuses”, “eus-heróis”, podam essa caminhada que seria uma forma engenhosa e interessante de dar uma sustentabilide ao Abril true metal, e outros eventos da Dream cry, como chroma, Pé Inchado,Underock, etc, falta a ajuda mútua da cena metallica acriana...

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