Sempre fazemos tudo na maior boa vontade,
organizando eventos com o intuito de trazer como atração bandas de
fora do estado e bandas locais. As bandas que estão se apresentando
tem sempre que estarem preparadas para possíveis criticas do
público, já que se dispôs a se expor assim para um público tão
exigente. Mas antes de criticar, todos devem lembrar que cada banda
dessa dedica muito de seu tempo nos ensaios e investem muito dinheiro
comprando bons equipamentos e e até com aluguel de estúdio.
Bateristas precisam comprar pedal, peles, baquetas, pratos que sempre
são caros. Guitarristas e baixistas gastam também com as cordas de
seus instrumentos e cubos. Mas as criticas são inevitáveis, e nem
todos aceitam bem as criticas que podem ser construtivas ou
depreciativas, ainda mais quando se leva em consideração tanto
esforço e empenho para executar uma boa apresentação.
Agora pensem na posição de quem se prontifica
a organizar um evento para estas bandas terem a oportunidade de
mostrar seu trabalho, tendo também que estar preparado para ouvir
reclamações tanto do publico quanto das bandas. Tentem imaginar o
que está pelas bastidores do show, onde você chega, paga de 10 a 30
reais pra entrar e tomar uma cerveja ao som das bandas que tanto se
prepararam para seu ouvido, para te agradar.
Antes de qualquer coisa, é necessário estudar
todas as bandas possíveis e acessíveis que possam vir de fora do
estado, que dê para agradar o maior numero de pessoas. Escolhendo
esta banda, já estamos prontos para ouvir a reclamação de quem não
gosta do estilo de som escolhido.
A maior parte dessas bandas não cobram cachê,
porém, passagem, estadia e alimentação precisam ser pagos pela
produtora.
Uma banda com cinco pessoas, se fosse pra tocar
aqui em Rio Branco daqui 3 meses gastaríamos o total de R$
6.779,50* em passagens. Para estadia mais R$ 1.050,00**, sem
esquecer da alimentação, que sairia em mais R$ 285,00***.
Feita esta etapa, é necessário que se
encontre um local para realização do show. Por aqui não temos
muitos locais disponíveis, podendo considerar o Juventus (R$
4.000,00), AFELETRO (R$ 1.200,00) e Quadrilhódromo do Tucumã (R$
200,00). Mas não basta escolher e pagar o local, é necessário que
se busque junto ao FUREPOL uma autorização para que que o show não
seja interrompido pela policia e os organizadores não sejam
multados**** ou levados para a delegacia. Para tirar esta autorização
é necessário a liberação por parte do Corpo de Bombeiros, um
contrato através de uma empresa credenciada com a quantidade de
seguranças estabelecida pelo Estado para o local do evento (no caso
do Quadrilhodromo, por ser menor são seis seguranças), uma
autorização da Policia Civil e Policia Militar, que inclusive, tem
que visitar o local previamente. Depois de toda esta parte
burocrática, é necessário que se pague a taxa de R$ 71,40 para
estar com o Alvará na mão.
Não podemos esquecer de outro gasto, o
pagamento dos seguranças. Cada um custa R$ 80,00, se forem seis (que
é o minimo) totalizamos R$ 480,00.
Um bom som e iluminação aqui em Rio Branco
sai de R$ 2.000,00 a 3.500,00. A bateria também é alugada em
algumas vezes, variando de R$ 100,00 a 150,00.
Definidas também as bandas locais que irão
tocar, fazemos uma estimativa com o tempo de apresentação que
geralmente fica em 30 minutos cada uma e uma hora ou mais para
atração de fora.
Com bandas confirmadas, data, local e horário
de inicio chega a vez de mais uma despesa, a parte gráfica. Em
média para a confecção gastamos: ingressos R$ 100,00, panfletos R$
230,00 e cartazes mais R$ 230,00 (podendo variar pra mais, é
claro!).
Para o registro do evento, compramos fitas a R$
15,00 para a filmagem das apresentações, onde gastamos em torno
mais R$ 135,00.
Como podem ver, é muito dinheiro pra fazer um
evento como este IV Abril True Metal.
Mas não podemos esquecer de algumas pessoas...
Da quelas que se dispõem a conseguir abrigo para quem vem de fora
(bandas e amigos de Porto Velho), que empresta uma bateria de
qualidade, ajuda na venda de ingressos antecipados e ainda faz
questão de pagar entrada, se disponibilizam a criar a arte do
cartaz, a arte de uma camisa como já vem acontecendo
tradicionalmente no Feliz Metal, aqueles loucos que dizem
“bicho, pega aí 50 reais pra ajudar no evento” e depois ainda
querem pagar ingresso, a pessoa que fica na bilheteria sem poder
assistir ao show, as pessoas que cuidam do bar, que vendem comida,
que ajudam com as filmagens e fotografias para eternizar o evento, colaboram com a divulgação em locais públicos, na internet ou escrevendo matérias para jornais
impressos.... enfim, são muitos os envolvidos voluntariamente que
saem satisfeitos em poder ajudar.
E vocês pensam o que? Que os produtores não
são voluntários também?
Pois são! E além de ter todo esse trabalho
durante meses, ainda tem o detalhe do processo de escolha de bandas.
Aí entram muitos outros descontentamentos, pois ainda enfrentamos
outros probleminhas, como o das bandas que infelizmente não puderam
tocar no evento. Ainda tem as bandas que foram chamadas, mas mesmo
assim reclamam que não querem ser a primeira a tocar. Mas alguém
tem que iniciar o show! Tem os que reclamam do horário, reclamam do
som, da bateria, do palco... sempre tem algo do que falar mal, e
jamais reconhecem os acertos. Até hoje “só” escutamos elogios
que vieram do publico pagante, que é quem sustenta toda essa
estrutura, o que é realmente muito gratificante. Fora as pessoas que
tem banda e só frequentam os shows que vai tocar, por que se não
for participar nem aparece no evento. E tem gente pior... chega só
na hora de tocar coloca mais gente de graça pra dentro e depois de
terminar a apresentação vai embora.
Não podemos esquecer também das pessoas que
reclamem do valor do ingresso, que sempre gira entorno de R$ 20,00 a
R$ 30,00, ainda podendo pagar meia entrada. Das centenas de amigos
que pedem cortesias. Daqueles que discriminam os que eles chamam de
posers mas jamais querem pagar a entrada, e na verdade, quem acaba
bancando o evento são os que o 'Super Headbenger True' chama
de poser, pois são os pagantes que fazem tudo isso funcionar. Se
VOCÊ não quer pagar ingresso, como que faremos um próximo evento?
Ainda estaremos endividados daquele show onde devíamos 11 mil reais
e você só precisava dar 20.
Já ouvi o argumento: “Tu vai me por pra
dentro, né? Eu não vou pagar ingresso mas vou comprar o CD da banda
de fora, assim estou ajudando o evento.” Bom, é plausível que
seja valorizado e reconhecido o trabalho de uma banda dessa forma.
Mas se não tem como pagar as passagens da banda, como fazemos pra
trazer ela pra cá? Tendo prejuízo, como faremos o próximo evento?
Contamos sempre também com a presença das
pessoas que tentam pular o muro. Já recebemos relatos de seguranças
corruptos que ficam com algum dinheiro e deixam as pessoas passarem
sem ingressos, além do problema da entrada de bebida quente. Já
ganhamos pouco com a venda da cerveja, onde mais da metade do
dinheiro fica com a consignação.
Uma outra coisa chata que acontece também é
que infelizmente a Delegacia Especializada de Proteção à Criança
e ao Adolescente, proíbe os menores de 16 anos a comparecer ao
evento. Adivinha quem vai ser punido caso uma pessoa menor de 16 anos
entre? Eles mesmos, os produtores!
Para tantos gastos com passagens, translado,
hotel, alimentação, taxas dos processos burocráticos, segurança,
parte gráfica e etc., conseguimos a poucos anos em dezembro para o
Feliz Metal, projeto aprovado por Lei de Incetivo a Cultura. Porém,
o máximo que pode-se conseguir é R$ 12 mil, e mesmo assim, jamais
conseguimos atingir esta quantia, chegando a estar em pouco mais de
10 mil. Nesta época de férias de final de ano, as passagens são
bem mais caras, ficando praticamente todo o dinheiro só com as
passagens. Já para o mês de abril não temos este recurso
disponível, e desta forma se torna insustentável o Abril True
Metal, onde sempre amargamos prejuízos.
Já tocaram, colaboraram e ajudaram a construir
esta história as bandas acrianas Survive, Silver Cry, Suicide Spree,
Fire Angel, Raw Ride, Discórdia, Hylidae, Kingdom Of Steel e Born
Hell. Vindos de Porto Velho – RO contamos com Bedroyt, Sortilégio
e Incinerador. Que fique em nossas lembranças shows memoráveis com
Mortaes (Brasília – DF), Blaze Bayley (Inglaterra), Violator
(Brasília – DF) e Comando Nuclear (São Paulo – SP).
Agradecemos de coração a todo os que nos
ajudam. Não falaremos de apoio de forma direta ou indireta, pois
TODOS que participam nas correrias e pagam ingressos estão
diretamente contribuindo e fazendo tudo acontecer. Só quem não
ajuda e muito pelo contrário, atrapalha, são os parasitas que
choram cortesias e pulam o muro.
Fica garantido o IX Feliz Metal deste ano, mas
desculpem, definitivamente estamos parando com o Abril True Metal e a
décima edição do Feliz Metal fica comprometida.
Não cogitamos e não passaremos o evento para
outra produtora. Fica o fim deste evento como forma de alerta e
motivo para reflexão de todos, para que ajudem de verdade todas as
pessoas que se prontificam a organizar um evento.
Dream.Cry Produções
Vale
lembrar que o mínimo que podemos fazer para as bandas locais que não
cobram nada para tocar, é dar uma merecida cortesia como forma de
pagamento para que sua/seu companheiro/a possam assistir ao show.
*Tendo
como base o VIII Feliz Metal
**Sem
a taxa de embarque.
Passagens
de ida a R$ 648,90 e volta custando R$ 707,00
Simulação
feito na Gol no dia 05/04/12
***
Valor de 70,00 a diária, baseado no orçamento do VIII Feliz Metal.
A banda sairia de São Paulo dia 1 de junho, sexta-feira, tocaria no
sábado e iria embora no dia seguinte, totalizando 3 diárias para
cada integrante.
****
Calculemos dois almoços e uma janta para cada integrante, colocando
a R$ 19,00 cada refeição já incluindo um refrigerante.
****
A multa pode chegar até 20 salários mínimos (R$ 12.440,00)
Lamentável... mas tem horas que tem-se que explicitar a real, a qual muito(as) são alheios e/ou ignoram-a...
ResponderExcluirA questão e desafio posto é como conscientizar toda essa galera alienada a se envolver mais, pois espaços como esses são carentes pra cara...por essas margens.
Estive na discussão da proposta da criação de uma grande associação independente de heavy metal do acre intitulada ARMA, com aspirações de uma certa autonomia, mas esse ar autogestionário parece dar urticária as pessoas, e os sentimentos de “eus-deuses”, “eus-heróis”, podam essa caminhada que seria uma forma engenhosa e interessante de dar uma sustentabilide ao Abril true metal, e outros eventos da Dream cry, como chroma, Pé Inchado,Underock, etc, falta a ajuda mútua da cena metallica acriana...