Feliz Metal aproveita espírito natalino e o heavy metal. Festival acontece há quase 10 anos
Texto: GISELLE LUCENA e HELDER CAVALCANTE JUNIOR
Fotos: CARINA CORDEIRO
Era o ano de 2004 e aquela turma de preto, que tem banda de rock, curte som pesado e adora uma cervejinha cotidiana, resolveu juntar as latinhas para reutilizá-las de alguma forma - o meio-ambiente agradece, afinal. A decisão foi vendê-las, juntar uma grana e realizar um show. Ideia arrojada para a cidade. E não é que deu certo?! Como ingresso, eles cobraram doações de alimentos que foram distribuídos em lugares periféricos da cidade. Era 25 de dezembro: nasceu o Feliz Metal!
Cresceu e continua a crescer. Já na 9º edição, realizada em 2012, o festival já soma a participação de quase 30 bandas diferentes, como as acreanas Dream Healer, Soldier, Silver Cry e Fire Angel; e as convidadas de outros lugares: Steel Warrior (SC), Torture Squad (SP), Fates Prophecy (SP) e Korzus (SP), Morte Lenta (RO), Apokalyptic Raids (RJ), Crytal Lake (SP), Korzus (SP), Claustrofobia (SP), Pastore (SP), e outras.
Além da oportunidade de reunir as bandas, o festival consegue arrecadar, a cada ano, mais de uma tonelada de alimentos, além de brinquedos e roupas. As arrecadações são distribuídas nos bairros mais carentes da cidade ou instituições sociais. Já foram contemplados os bairros Wilson Ribeiro (2004); Taquari (2005); Jorge Lavocart (2006); Laélia Alcântara (2007); Baixada da Habitasa (2008); Baixada da Habitasa (2009); Laélia Alcântara e Belo Jardim (2010); o Educandário Santa Margarida, Creche Santa Inês e Bairro Taquari (2011); Bairro Caladinho (2012). A partir de 2008, os organizadores fecharam uma parceria com os motos-clubes Gaviões da Amazônia, Vira Mundo Rasga Chão, Kafa´s entre outros, o que fez aumentar o número de alimentos e roupas arrecadados.
A partir da 5o edição, o grupo realizador - formado pelos integrantes das próprias bandas - começou a escrever projetos para financiamento público, o que foi possível até a 8º edição. “Antes disso éramos radicalmente contra o envolvimento de algo governamental em nossos eventos. Queríamos mesmo continuar e consolidar a nossa independência. Mas, se temos direito ao recurso público, por que não?”, diz o produtor e músico Ricardinho Costa.
Para a edição de 2012, não foi possível aprovar projeto e conseguir patrocínio. Mas a força do grupo garantiu a continuidade. “Gostamos de Heavy Metal, gostamos de tocar heavy metal e queremos ver bandas de heavy metal de outras cidades tocando aqui, ou seja, fazemos porque gostamos, por amor mesmo, talvez por isso o evento tenha chegado a sua 9º edição, pois já pegamos alguns prejuízos e se fosse por dinheiro já tínhamos desistindo”, explica Ricardinho.
Segundo o produtor, os principais parceiros são os músicos e amigos que querem que o evento aconteça. São poucas as empresas que apoiam e quando apoiam é com valores que variam entre R$ 100,00 a R$ 200,00. “Esse ano, por exemplo, muita gente ajudou comprando ingresso, divulgando por conta própria em seus carros com os perfurados nos vidros, comprando camisas, se colocando a disposição de alguma maneira tipo: hospedando gente, oferecendo seus carros para translado etc.”, conta. As bandas que participam também se engajam na proposta e topam se apresentar sem cachê. “Mas é claro que para fazer um evento desse porte precisa de dinheiro e aí é que entra a Lei de Incentivo a Cultura, quando aprovamos os projetos a gente pode trazer bandas mais famosas dentro do movimento. Mas esse ano foi legal que provou que mesmo sem apoio o negocio já se mantém”.
Em 2012, o IX Feliz Metal contou com a participação das bandas: Discórdia (AC), Scalpo (AC), Morte Lenta (RO), Apokalyptic Raids (RJ) e Fire Angel (AC). Foram arrecadados mais de uma tonelada e meia de alimentos, doados no bairro Caladinho. E assim, o Feliz Metal se consolida como espaço de força no som e na atitude.
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